Efeito econômico que ganhou espaço via internet, o consumo colaborativo, ou compartilhamento de produtos e serviços, tem se difundido a ponto de causar um impacto ainda maior do que o e-commerce. Pelo menos, esta foi uma das mensagens que ficaram como saldo do evento Zoom Varejo na Era do Compartilhamento, promovido ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), no Teatro do CIEE.
Durante as palestras, foram apresentados cases como a plataforma multinacional EZPark – que possibilita a usuários encontrarem quem disponibilize uma vaga de estacionamento em qualquer tipo de espaço – e a rede colaborativa Bliive, que conta com 100 mil pessoas cadastradas em todo o mundo, para trocar tempo, conhecimento e serviços entre si. A proposta do debate, segundo o presidente da entidade promotora do evento, Gustavo Schifino, é incentivar que varejistas repensem seus negócios a partir do entendimento das mudanças comportamentais de consumo.
“Aquelas empresas que conseguirem encontrar oportunidades no compartilhamento, fazendo dele um trampolim para novas vendas, podem enfrentar com mais facilidade o período atual de crise econômica”, opina o dirigente da CDL/POA. Schifino destaca que o compartilhamento tem gerado uma nova maneira de consumir, podendo ser aplicado não somente via internet, mas inclusive dentro dos estabelecimentos físicos. “Isso pode enriquecer as vendas de forma indireta. É preciso entender melhor este comportamento para gerar mais consumo através da consolidação das marcas”, concorda o diretor da rede de lojas Rainha das Noivas, Rafael Wainberg. “Esta é uma mudança orgânica, ainda incipiente, mas que deve evoluir”, completa Wainberg, ao observar que cabe aos varejistas quebrar o paradigma do foco no produto e apostar na possibilidade de oferecer experiência.
Em uma era de consumo consciente, em que já não faz mais sentido acumular coisas que não tenham uso constante, como por exemplo uma furadeira – que pode ser compartilhada entre vizinhos de um prédio, em vez de ficar parada dentro de um armário –, a economia colaborativa também é uma moeda alternativa, afirmou a CEO do Bliive, Lorrana Scarpioni. “É possível viver o capitalismo de forma mais inteligente e gerar valor a partir dos recursos disponíveis, evitando o desperdício”, pontuou a palestrante.
Criadora da empresa com pouco mais de três anos de mercado, Lorrana ressaltou que a rede de troca de serviços “percebe o valor das pessoas, além do valor monetário”. Através do Bliive, é possível, por exemplo, oferecer uma hora de aula de inglês em troca de uma hora de aula de culinária, ou de atendimento de um coach ou terapêuta, entre outras infinitas possibilidades. “A ideia é que as pessoas troquem serviços, ou qualquer coisa que possa ser medida com o tempo”, resumiu. A solução é utilizada por milhares de usuários em todo o globo, principalmente em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Portugual, Estados Unidos e Reino Unido.
O fundador da Mandic Magic, Aleksandar Mandic, resumiu o JCque considera o “negócio do momento”: juntar grandes quantidades para compartilhar, a exemplo do próprio negócio, que implementou a partir de um app que funciona como uma rede social que compartilha senhas de conexões Wi-Fi no mundo todo. “Foi um sucesso enorme”, garante. Contando com 14 milhões de usuários, a ideia conquista 30 mil pessoas por dia, calcula o empreendedor. “Essa é uma ideia bacana para colocar nas lojas”, sugere.
Outros palestrantes, como a sócia-diretora do Alia Beth Furtado; o CEO e fundador do EzPark, Luiz Candreva; e o CEO e Fouder da House of Work, Wolf Menke, apresentaram cases de compartilhamento que já conquistaram milhares de brasileiros. Dentro deste princípio, é possivel alugar carros, trocar alimentos, serviços, hospedagem, informação, tecnologia, entre outros produtos que podem ser compartilhados de diversas formas.